Dúvidas cruéis

Lembro-me de um livro sem a capa, sujinho, com edição econômica como as da revista Seleções. Ele apareceu na casa que eu dividia com mais seis rapazes na época da faculdade. Entre as dúvidas filosóficas mirabolantes, o autor se perguntava onde iriam parar os guarda-chuvas que as pessoas perdem diariamente. Haveria uma espécie de cemitério para guarda-chuvas perdidos? Afinal, todo mundo nessa vida já perdeu um guarda-chuva, ou, pelo menos conhece alguém que perdeu. Mas alguém aí já encontrou um guarda-chuva perdido? Ou, ao menos, conhece alguém que já encontrou? Duvido.

Ando adaptando essa pergunta às pesquisas eleitorais. Incrível como aparecem diariamente dezenas de institutos escalados para medir a efervescência política do momento. Engraçado, ninguém jamais me argüiu na rua sobre minhas preferências eleitoreiras. Também não conheço nenhum cidadão que tenha revelado a um instituto de pesquisas o seu voto. Sequer conheço alguém que conhece. E você, querido leitor, já palpitou numa pesquisa de intenção de votos? Ou, ao menos, conhece alguém que o fez?