Proibido

Ontem fui a um bar decorado pelo arquiteto das paredes roxas. Além de ter sido o decorador, o rapaz, famoso na cidade pela extravagância nas vestimentas, é também o proprietário do local. Aliás, 'um dos'. Parece que há alguns sócios. Entre eles, uma cantora caminhoneira famosa nacionalmente. Já cantou até música de novela da Vênus Platinada.

O bar é lindo. Apesar das horrendas paredes roxas - item indispensável em qualquer ambiente decorado pelo arquiteto-proprietário. O piso é de demolição. Há também uma montaria fake para peões, que, a despeito da tentativa de ironizar qualquer coisa, é a cara da cidade. E há também garrafinhas de cerveja enfeitadas com flores do campo sobre a mesa. Muito fofo.

Só não é fofo o aviso bem ao lado da garrafinha: 'São proibidas cenas românticas no local', ou algo do tipo. Depois que eu vi um casal de heterossexuais trocando litros de saliva na mesa ao lado, não consegui mais me concentrar na conversa com amoreco e meus amigos. Cada garçom que passava por alí sem se manifestar fazia aumentar a minha vontade de sair beijando todos os homens presentes no bar. Porque eu gosto de uma boa briga.

Não fiz por respeito a amoreco. E por achar que aqueles gays idiotas que freqüentam o local devem pensar a mesma coisa que os donos do bar: dois homens (ou duas mulheres) se beijando é feio, a não ser num dark room. Que é a cara daquele povo que pensa que é rico.

P.S.: lembrar que os proprietários do estabelecimento são uma caminhoneira e uma bicha pintosa me deprime.